01/08/10

Hoje fui à missa

Prevejo um post longo...

Fui à missa. Dizer a um amigo do coração que estamos com ele sempre. Nos momentos bons e nos menos bons. Fazia hoje anos que este nosso grande amigo, perdeu uma pessoa muito importante na vida dele. Uma pessoa fundamental.
Não gosto de ir à missa. Gosto de entrar em igrejas e manter-me lá em silêncio. Foram poucas as missas a que assisti em que senti algo. Em que senti que não estava ali apenas porque tinha que ser. Tive uma educação católica. Fiz a catequese e a primeira comunhão. Não tive pachorra para mais. Chateei-me com Deus algures na minha adolescência. Melhor ainda, aborreci-me com um padre em particular, que recusou ir dar a extrema unção à minha tia-avó, porque estava a ver televisão. Já não era fã da instituição igreja. E depois tinha (tenho) imensas dúvidas quanto à entidade divina que nos guia. Mas não tenho dúvidas que algo nos guia. Que não estamos apenas aqui por estar. Que todos temos um papel a cumprir nas nossas vidas. Não acredito em destinos marcados. Não acredito que façamos o que fizermos a nossa vida seguirá sempre o mesmo caminho.
Voltando à missa. Lá fui. Conseguindo a proeza de arrastar comigo o Filipe (esse sim, de costas totalmente voltadas para a igreja, por razões só dele e que eu consigo entender bem). A missa começou e com ela aquela coisa do senta e levanta que eu nunca percebi bem. Limito-me a ir com a multidão, colocando-me estratégicamente nas últimas filas.
A única parte interessante da missa é para mim o sermão. E hoje ouvi um sermão que me deixou a pensar. Que falou à minha alma. Que podia ter sido escrito por mim. O padre era um orador fantástico. Um comunicador nato. Cativante. Atento. Voz colocada. Entoação. Estava lá tudo. E foi quando começou o sermão, baseado numa passagem da bíblia que falava de um agricultor muito rico que tinha muita coisa para colher e estava apenas centrado em construir um grande celeiro. O padre falou nos perigos de nos perdermos e nos centrarmos apenas em amealhar bem materias na nossa vida e fazermos disso o fim, a finalidade da nossa existência. Achei piada que disse que nada tinha contra quem muito tem, mas que o importante é que no caminho nos possamos encontrar, olhar para o lado, sermos outros, sendo nós. Dar. Não apenas materialmente. Sobretudo dar tempo, dar uma palavra, dizer estou aqui. Construir laços, construir família, cultivando a que temos e aumentando-a com os nossos amigos, a nossa família do coração. Como perceberão pelos últimos posts, ando numa onda muito introspectiva em que me tenho questionado (mais do que nunca) sobre o que faço aqui, o que quero para a minha vida agora que estou desempregada. Que emprego quero procurar. O que me fará feliz...
Gostava que o mundo percebe-se que não faz mal dizer gosto de ti. Que todos precisamos um dia de um abraço (e há tão pouco quem se abrace hoje em dia, parece-me que as pessoas têm pudor de amar, mas têm orgulho em odiar). Gostava que todos pudessem entender que muito mais importante do que o destino final, é a caminhada e que é dessa caminhada que temos que tirar os maiores ensinamentos da nossa vida.
Soube depois de terminar a missa, que o padre em questão será o responsável pela pastoral universitária e é (re)conhecido pelos seus sermões.

Eu, confesso que fiquei com vontade de lá regressar.

1 comentário:

Carla Sousa disse...

Bem, as coincidências entre nós têm sido muitas!!!
Eu também fui à missa (no Sábado), algo que já não fazia há muito, porque fazia um mês que a mãe de uma grande amiga tinha partido. A leitura era sobre o assunto que referiste e do sermão retive exactamente essas palavras e essa mensagem. Não deveríamos estar no mesmo sítio, mas a coincidência é simplesmente fabulosa, não achas?

Deixo-te um abraço, ainda que virtual, mas que sei que receberás por inteiro. É tão bom conhecer pessoas que saibam o valor dos afectos.

Beijinhos, Patrícia. Gosto muito de "te ler".