Pensava eu que a ferida estava curada. Que estava imune. Não está. Não estou. Hoje fui obrigada a remexer em trabalhos realizados nos últimos 11 anos. Fui aos arrumos e de lá vim com um saco carregado de capas, peças, dvd´s (ainda lá ficou muita tralha em que nem toquei). Tudo estava lá trancafiado há quase 3 meses. E tive que olhar para tudo. Eleger o mais importante. E caraças que me doeu. Aliás dói ainda. Tive que vasculhar e remexer para encontrar trabalho que fale por quem sou, como profissional. Que preciso de apresentar. E foi inevitável sentir-me assim. Foi inevitável chorar. Porque fui tão, mas tão feliz a fazer tantas daquelas coisas. É que não tem explicação. Ainda hoje lia alguns artigos publicados em jornais de referência da nossa praça, sobre eventos que são filhos meus. E que já não me pertencem. Li respostas de presidentes de empresas de renome nacional e internacional a agradecer o meu trabalho. E doeu. E doi. Talvez porque é recente. Talvez porque vá doer sempre. Dizem que o tempo tudo cura e eu espero que assim seja. Mas realisticamente, no meu caso, o tempo ainda não passou. A ferida está lá, ou melhor está aqui.
A Maria acordou e tive que colocar o meu melhor sorriso número 33 e fazer de conta que nada se passava. Com as entranhas a remoer. E há que libertar e neste caso é sempre nos mais próximos. Por isso o marido levou por tabela. E a minha tia também e até foi pelo telefone.
1 comentário:
Estava a ler-te e a pensar que é como terminar uma relação com uma pessoa de quem ainda se gosta muito. Dói muito quando tem que se mexer na ferida, e continua a doer por muito tempo.
O tempo cura, sim, e vai curar também "isto", porque afinal 11 anos não passam em meses. Antes passassem e não terias chorado (imagino que sim, eu também choraria) quando foste vasculhar o teu histórico...
Força ;)
Beijo
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