29/09/09

Há 1 ano...

 
Estava no meu primeiro dia de baixa por gravidez de risco. Pensava que ia dar em doida por estar em casa. Com a ansiedade da espera. Com a incerteza de que tudo fosse correr pelo melhor.
 
Picava os meus deditos 6 vezes por dia e logo eu que odeio agulhas, não me queixava, não sentia dor e só queria mesmo que a maquineta me devolvesse sempre valores "normais" para evitar qualquer dano que te pudesse causar filhota. A causa: diabetes gestacionais.
 
Para além disto, estava com pré-eclâmpsia, a libertar proteína na urina, com edemas brutais nos pés e pernas (dobrar as pernas era um filme pop), a cara mais do que inchada, o nariz mais parecia uma batatinha e tensão arterial a ser controlada com um comprimido diário mas ainda assim a ter que ser monitorizada no mínimo duas vezes por dia. Ainda assim, nada importava: o centro da minha vida eras tu!
 
O engraçado é que a nossa querida doutora, se ria todas as semanas (sim Maria, nas 38 semanas que duraram a gravidez, devemos ter visitado a nossa médica, umas 30 vezes) e dizia que eu estava a ter tudo o que tinha direito, mas tranquilizava-nos sempre e dizia-nos que tudo ia correr bem. E que era complicado gerir, porque se era verdade que caminhar era importante para controlar a diabetes gestacional, não o podia fazer mais do que 15 minutos, em terreno plano e em passo lento, já que caso contrário podia despoletar algum pico de tensão arterial...
 
Achava que ia ser complicado. Que ia chover e eu ia ficar sózinha e deprimida em casa, sem nada com que ocupar os meus dias. E estava redondamente enganada. Aproveitei para dar uns passeios com os avós e com os tios Minocas e Alexandre e assim de repente dir-te-ia que não houve um dia em que tivesse estado todo o dia sózinha! Nem dei pelo tempo passar :) E o sol ajudou e muito. Esteve um tempo fantástico durante todo o mês de Outubro e estiveste mesmo para nascer no dia 31 de Outubro, dia em que a mamã saiu de casa de calças de ganga, chinelos nos pés (nada mais servia!) e t-shirt de manga curta! Um calor infernal! Mas a nossa doutora achou que aguentavas (tu e eu) mais uma semaninha e marcamos a tua chegada para dia 8 de Novembro!
 
41 dias depois de ter iniciado a baixa, foi dia de receber-te nos nossos braços e se dúvidas tivesse, desapareceram no momento em que a nossa médica te deitou no meu peito. É estranho como lutei tanto contra a ideia de entrar de baixa... Nunca, em mais de 10 anos de trabalho, tinha estado de baixa e achava que não precisava, que precisava de estar ocupada. Nem queria ouvir falar no tema. No fim-de-semana anterior, ainda fui trabalhar. Tinha um evento no Porto, uma festa para crianças e lá fui eu com uma mega barriga, a andar tipo boneco animado, para os Jardins de Serralves, certificar-me de que tudo corria bem.
 
Adorava o que fazia e não sentia que fosse uma "obrigação". O meio natural da mamã é mesmo o mundo da comunicação (um dia a mamã vai explicar-te bem que seguir os nossos sonhos, tem por vezes um custo associado, mas ainda assim, sempre te incentivarei a seguir os teus... tal como sempre segui os meus).
 
Tanta coisa mudou na vida profissional da vida mamã, após ter regressado da licença de maternidade, que por vezes penso que fui burra em não ter ido para casa repousar mais cedo...
A empresa é a mesma. Mas apenas a empresa é a mesma. Gostar, ter paixão pelo que faço, deixou de existir e foi-me muito difícil de aceitar que iria ter que mudar de funções. Ou melhor, aceitei claro (tinha que ser!), mas nunca me conformei. Andei a dar cabeçadas contra autênticas paredes, gritei a quem quis ouvir. Que não gosto. Que não me sinto motivada. Que gosto de desafios. Que gosto de ter que usar os (poucos) neurónios que tenho. De que me adiantou? De nada....
Mas ainda assim fui fiel a mim própria e durmo tranquila (quando tu deixas, coisa que não acontece há algum tempo, porque primeiro foi o filme do nascimento do teu primeiro dente e agora estás muito constipada).
 
Assim que a redução de horário termine (está quase, infelizmente), está na hora de arregaçar as mangas e começar à procura de um novo desafio. Também já são 10 anos na mesma empresa... A ver vamos como corre. Não me posso queixar do ordenado (ok não é fabulástico, mas no Porto, não se arranja muito melhor...), das condições em que trabalho, nada disso. Mas sinto que preciso de mais.
Pode ser que algo agite o mercado e venham novidades (boas ou más) que me dêem oportunidade de voltar ao meu habitat natural ou que me obriguem de vez a buscar novos desafios.
 
De braços cruzados, é que não vou ficar! Até porque te tenho a ti na minha vida. E por ti, tudo vale a pena!
 
Beijos,
Mãe

4 comentários:

Dinastia FilipiNHa disse...

Pois é amiga, a maravilha de termos uma ou mais "Marias" nas nossas vidas, é sentirmos sempre que tudo vale a pena!

Força!

Beijinhos

Ana Raquel disse...

Por vezes necessitamos mesmo de mudar, mas nao faças nada que te arrependas depois...
Com calma tudo se vai arranjar e vais te sentir feliz, novamente, na tua actividade laboral.
Bjocas

Rute disse...

O tempo passa a correr e sem dar-mos por isso já passou um ano...
Faz o que for melhor para ti e que saibas que não te irás arrepender.

Beijocas

ahh tens um miminho no meu cantinho para ti

Pollyzinha disse...

olá Patricia

Eu não tive diabetes, porque tenho sempro o nivel de açucar no sangue abaixo do normal, mas também apanhei pré-eclampsia e ficar em casa 2 meses antes da minhaprincesa nascer foi obra... eu não aceitei muito bem, mas a minha médica disse-me que ou ficava em casa ou era internada até ao parto ... claro que a escolha foi ficar em casa, mas valeu a pena porque quando nasceu a princesa já nem me lembrava que tibha estado de repouso absoluto...

Beijinhos para ti e para a Maria

Paula e Teresinha