30/03/16

um dia decides cortar radicalmente...

...o cabelo.
ontem foi o dia! Até a minha cabeleireira me perguntou se tinha a certeza.
Anos a deixar crescer o cabelo e agora dá-me para isto. Vá-se lá entender as mulheres :)

09/03/16

líder

Ontem, em mais uma conversa no carro, a caminho da piscina.
 - Sabes mamã, os miúdos dizem que eu sou mandona. Eu e a Marta...
 - E tu o que achas Maria?
 - Eles até têm razão que nós gostamos de mandar. Mas não somos mandonas! Temos é espírito de liderança!

08/03/16

a propósito do dia da mulher - o que nos une e o que nos separa

Ser mulher num mundo de homens é tramado. Termos que lutar para conquistar o nosso espaço. Não me venham com tretas. Sim, o mundo por cá ainda é extraordinariamente machista. Ainda que digam e jurem a pés juntos que não. É só olhar para o número de mulheres que ocupam cargos de poder. Olhar para o número de mulheres desempregadas. Olhar para o número de mulheres que recebem o salário mínimo. Olhar para o número de mulheres que têm trabalhados de responsabilidade equiparada com pares homens e recebem menos. E comparar esse número com o número de mulheres licenciadas.

A catraia cá de casa, vive na escola uma realidade muito masculina. São apenas 8 meninas numa turma com 24 ou 25 crianças. E a grande maioria dos rapazes tem um comportamento diferente do dela.
Desde o início do ano lectivo que quase todos os dias se queixa que algum (ou vários) rapazes lhe batem no recreio. Que a empurram. Que a arranham. Que não a deixam em paz.
Temos gerido, com calma e não valorizando demasiado, mas estando atentos. Não deixando de lhe dizer que tem que se defender, ainda que não acredite que a violência seja a solução. Ainda que ela própria acredite que nada se resolve a bater.
Há uns tempos pediu-me que fosse falar com a professora. Que não aguentava mais e que estava no limite da paciência. Fui. Disse-me que estava atenta. Confirmou que a vida daquelas meninas (sobretudo das mais tranquilas) era complicada com tantos rapazes juntos. Ela veio mais contente da escola. Achando que tudo mudaria.
Não mudou.
Ontem ao fim da tarde fui busca-la à escola. A caminho de casa disse-me que estava triste porque o G (de quem ela gosta muito) tinha voltado a bater-lhe. Que lhe tinha dado um pontapé. E que a professora tinha falado com ele na sala e ela tinha ficado ainda mais triste, porque quando questionado sobre o comportamento, tinha dito que não gostava dela. Engoli em seco e pensei em todas as vezes que o G brinca lá em casa com ela. Nas vezes em que nos encontramos no parque ao pé de casa para brincar. Nos jantares em que por acaso ou combinando, partilhamos no restaurante ao pé de casa. Nas caminhadas sem hora para terminar nas férias de Verão.
E percebi a tristeza dela. Percebi que mais do que a dor de levar o pontapé, lhe doeu ouvir alguém de quem gosta muito, dizer que não gostava dela.
Disse-lhe que o G pode escolher de quem gosta e nós não podemos obrigar os outros a gostar de nós. Mas que não podemos permitir que ninguém nos trate mal. Nunca. Disse-lhe também que nem sempre dizemos o que sentimos e que acreditava que o G gostava dela, gostava de estar com ela, de brincar com ela. E que ela sabe que (infelizmente) os rapazes da sala dela, brincam no recreio assim.
Estávamos a terminar de fazer os trabalhos de casa e o meu telemóvel tocou. Vi quem era e atendi. Uma voz pequenina de menino, disse-me olá e pediu-me para falar com a Maria. Disse-lhe que era o G que queria falar com ela. Atendeu. Ouvi-o pedir desculpa. Dizer que estava arrependido de lhe ter batido e de ter dito que não gostava dela. E repetir. Desculpa, Maria. Desculpa. Eu juro que não volto a fazer! Ela riu-se e disse-lhe: Eu desculpo-te G. Mas magoaste o meu coração...