31/12/13

uma estreia: catraia vai ao círculo

E eis que no domingo foi ao circo. Não, não me enganei no título, ela é que diz que foi ao círculo com a tia Ana e que gostou de tudo mas o que gostou mais foi de ver lá em cima as meninas "tranpezistas" com os fatos brilhantes.
Piroso? Brilhante? E novidades?

30/12/13

aos 5 faz encomendas ao Pai Natal (que escrever cartas com desejos não é coisa para ela)

Noite de Natal cá em casa. Pais, padrinhos, tios. Primos e mano. 12 pessoas por cá. Já passava da meia-noite e a catraia ouviu a campainha tocar. Tinha preparado um prato com um copo de leite e 3 bolachas para o Pai Natal que tinha deixado à porta.
- 3 bolachas Maria?
- Sim mãe. O Pai Natal está muito barrigudo e não pode comer muitas bolachas!
Depois de me mandar à frente à porta, porque tem um medo danado do Pai Natal e de me pedir para trazer os presentes para dentro, começa a loucura de rasgar o papel.
E de repente, diz ela:
 - Oh mãe, eu não encomendei isto! Se calhar o Pai Natal enganou-se.

Projecto Amelie

Já ouviram falar?
Podem ver mais aqui ou fazendo uma pesquisa no google ou no facebook.
Confesso-me entusiasta da ideia de termos o poder de mudar (ainda que por breves instantes) a vida de perfeitos desconhecidos. Imaginam o que sentiriam indo tomar um café e dizerem-vos que o vosso café está pago e entregarem-vos um bilhete a desafiar-vos a fazer o mesmo por alguém?
Parece-me que a minha resolução para 2014 será esta. Poder despertar um sorriso em alguém.

Adeus 2013. Olá 2014!

2013 foi um ano mau. Reformulando. 2013 foi um ano que me ensinou muito.
Foi o ano que em percebi que sem saúde nada feito. E não foi a mim que me faltou saúde, mas ao meu outro coração, que morando fora de mim, é meu como nenhum outro.
A princesa esteve doente. Doente a sério. Passamos por um pequeno pesadelo no Verão deste ano, com direito a dias de inferno até se descobrir a causa e finalmente uma cirurgia já no limite e com a princesa em risco de vida. Foi uma merda. Como deve ser sempre uma merda quando temos os nossos filhos doentes. Já me custava quando ela estava doente, com aquelas coisas a que não há como escapar. Uma amigdalíte, uma constipação, uma bronquiolite. Mas este ano... puxa... que ano...
E se não bastasse este grande susto, o estafermo deste ano vai terminar ainda com outro por resolver. A parotidite ainda mora na princesa e está a demorar tanto a passar, que mesmo depois da ecografia e dos 10 minutos que a peditra passou a apalpar a garganta da princesa na semana passada, mentiria se dissesse que estou sossegada.
E por isso para 2014 peço saúde para mim e para aqueles que amo e que nada nos falte. O resto é apenas isso. O resto. Claro que daria jeito que me saisse o euromilhões, ir de férias para longe apanhar sol e não fazer nenhum, conseguir levar em diante um projecto que anda a fervilhar na minha cabeça, ter o meu ordenado multiplicado por dois, mas olhando para 2013, se 2014 nos trouxer saúde a todos, será um ano bom.

19/12/13

ai 2013...

Ontem, do nada, a princesa diz que lhe doi uma orelha. Seria uma otite? No minuto seguinte recusa-se a jantar porque diz que lhe doi a abrir a boca. A custo consigo que abra e não vi nada de estranho. Com ela ao meu colo, percebi que a temperatura começava a subir e com olho clínico de mãe, reparei que tinha um ligeiro papo, entre a orelha que dizia que lhe doia e a linha do maxilar. Despe pijama. Esquece o jantar. Enfiamo-nos no carro. O que raio seria aquilo. A médica começou por falar-nos em parotidite, a inflamação das glândulas parótidas, vulgarmente designada por papeira. Confirmou que as vacinas estavam em dia e pediu uma e outra vez para ver a garganta da Maria. E voltou a ver. E chamou uma colega. E trocaram palavras em que percebi falarem de uma simetria da faringe. A médica que a estava a atender achava que sim. A colega achava que não. Chamaram outra médica. Todas amorosas e vestidas de cor-de-rosa. Eu senti as minhas pernas a tremer quase de imediato. Ainda se riram e perguntaram se não me queria sentar e se queria água. A Maria mantinha-se bem disposta. E continuavam a conversar e ouviamos: "Achas?" "Não me parece?", "Vejo qualquer coisa, mas parece uma infecção na garganta que pode aparecer e desaparecer", "Os gânglios estão enormes, dos 2 lados!". O pai encheu-se de coragem e perguntou que desconfiança tinham. A pediatra foi esquiva e disse que no momento era parotidite, o resto era apenas suspeita. Engoli em seco. A conversa continuou. Não havia hipótese de fazer ecografias à noite a não ser que fosse um caso crítico, por isso pediram-nos para hoje estarmos novamente na CUF antes das 9 da manhã e que a ecografia diria se seria ou não parotidite e que este seria o cenário desejável. Não conseguiria vir embora sem perguntar novamente. E ouvi a mesma resposta. Pediram-me para ter calma (really?) e que no dia seguinte já teríamos certezas.
Saímos. Coração apertado. Ela melosa e doce. Com mais febre. E com fome.
Ainda a caminho de casa googlei e encontrei o motivo do alarme. E senti o banco do carro desaparecer. E senti o meu corpo a tremer mais e mais. Nem uma palavra sobre o assunto. Com ninguém. Dormimos os 3 na nossa cama. Dormir é apenas uma forma de explicar que nos deitamos. Dormi a espaços e poucos minutos toda a noite. Agarrada a ela tanto quanto ela permitia. E pedia à minha avó sempre que me lembrava, que não permitisse que fosse nada daquilo. Que fosse o estafermo da papeira e que ficasse por aqui que já nos chegava. E agarrava-me a ela. Uma e outra vez.
Hoje a médica estava à nossa espera na urgência. Com a médica a quem já deveria ter passado o turno. Olhou para a minha cara e disse-me: "Mãe, não deve ter dormido muito!" Respondi-lhe que não, não tinha dormido, sem conseguir sorrir. Disse-lhe que estava muito assustada e ela disse-me que nem devia ter dito que tinha dúvidas e que ainda bem que não nos tinha revelado a dúvida. O pai, irónico, respondeu: "Adiantou muito..."
Disse-lhe que o google era meu amigo e ela riu-se dizendo-me novamente para ter calma. E percebi que ela tinha percebido que eu sabia do que desconfiava ela.
Assim que olhou para a Maria riu-se. E senti-lhe alívio no olhar. Repetiu depois de lhe ver a garganta e o papo próximo do maxilar já ruborizado: "calma mãe! isto ontem estava diferente e isto vai ser de caras uma parotidite!" E por momento, eu desejei com força, muita força que a minha filha tivesse papeira. Coisa estranha, pensei segundos depois, afinal é uma doença chata e que até pode trazer algumas complicações.
Lá fomos fazer a ecografia. E aqueles minutos com ecografo para a frente e para trás e eu sem conseguir ler o que pensava o médico... zero...  Até que parou e me disse: "Eu sei que estava nervosa, mas pode respirar de alívio. É uma paritodite do lado esquerdo, tendo os ganglios muito aumentados mas são reactivos, isto é, estão assim por estarem a regir a uma infecção. Não há qualquer nódulo, nem qualquer massa". E ele deve ter ouvido o meu suspiro. E viu o abraço apertadinho que dei à catraia, enquanto lhe dizia que estava tudo bem. Ela reclamava que ainda tinha gel por todo o lado e para não a apertar que lhe doia. Eu ri-me. E senti um alívio que só quem passa por um momento assim pode sentir.
Ninguém me avisou que ser mãe (também) era isto. Não conseguir descansar nunca. Sentir que não controlamos a vida dos nossos filhos. Sentirmo-nos impotentes e aos pedacinhos por suspeitar que algo de grave se passa com as nossas crias. Ter filhos doentes é uma merda. Uma grande merda.
Agora venham as férias na próxima semana, o Natal e o descanso de que tanto precisamos. E que o estafermo da papeira se vá tão rápido como surgiu.