Faz hoje 1 ano, decidi manter-me ocupada e queria estar bonita para a
primeira vez em que a Maria olhasse para mim. Achava que ia estar uma
pilha de nervos mas estava estupidamente calma. Fui ao cabeleireiro, e
vim de lá com o meu cabelinho como gosto, mãos e pés impecáveis,
ignorando os comentários de quem me dizia para n pintar as unhas,
decidi pintá-las com a cor renda, um branco muito suave, longe das
cores que habitualmente uso. Sentia toda a gente à minha volta nervosa
e eu, nervosa por natureza, estava tão tranquila. Sabia que ia ver a
minha princesa, olha-la nos olhos no dia seguinte e tinha certeza
absoluta que tudo ia correr bem. Talvez por confiar tanto na minha
médica. Talvez por ter a certeza de que a minha avó iria estar comigo
e passaria a ser não apenas o meu anjo da guarda, mas o da Maria
também.
Eu, que me recusava a deixar-me fotografar, sugeri ao filipe que
tirássemos fotos os 2 para um dia recordar o dia antes do grande dia.
Eu sei que amava a Maria (achava eu) com todas as minhas forças, mas
percebi, assim que ela se deitou no meu peito, que era pura ilusão.
Ainda hoje não sei descrever o amor que sinto por ela. Sei que é maior
que eu. Que nunca achei possível amar alguém assim.
Tu, filha, vieste na altura certa. Tornaste-me na pessoa que sinto que
nasci para ser. É incrível a mudança que geraste em mim. Claro que o
nosso mundo gira hoje (e para sempre) em torno de ti. E que esta
mudança, por muito planeada que seja, implica algum jogo de cintura.
Eu sei que tu sabes que gosto de ti desde aqui até à lua e da lua até aqui.
És tão espevitada, tão atenta e nesta altura cada dia temos uma nova
palavrinha ou uma graçola. Amanhã estaremos rodeados de pessoas
importantes na tua vida, numa festinha especial, por ser tua.
Sinto que o tempo voa e sinto-me dividida entre o prazer de ver-te
crescer e a saudade de te saber tão nossa.
Hoje, tendo forças, fica combinado que ainda aqui volto para deixar as
últimas fotos da Maria no quentinho da minha barriga